Desde a tradição
hebraica, passando pela tradição cristã, a páscoa é a festa central de cada
ano. De tal modo que, celebrada a páscoa, o ano fica abençoado, bem
encomendado, pela maneira como a páscoa foi celebrada.
Desta
vez, tivemos uma páscoa bem incrementada, pelos surpreendentes episódios
ligados ao processo da sucessão no Vaticano, que culminaram com a eleição do
Papa Francisco.
Pois
bem, se a páscoa foi muito marcada por estes episódios, o ano todo vai levar a
marca deste início de pontificado, que começou suscitando tantas esperanças.
Depois das demonstrações iniciais, sinalizando as intenções do novo papa, as
expectativas começam a se voltar para as primeiras medidas concretas, que
indiquem a efetivação da retomada da renovação eclesial, que continua tendo
como referência ampla as propostas apresentadas no Concílio Vaticano II.
Não
há dúvida, que o pontificado do Papa Francisco inaugurou um novo período na
vida da Igreja. Um novo clima foi instaurado. Está bem fundada a confiança que
o novo papa inspirou, de presidir na caridade a comunhão eclesial, a partir da
Diocese de Roma. São intenções generosas, que poderão encontrar
facilmente formas de se realizar, e assim ir consolidando avanços
significativos na empreitada de colocar novamente a Igreja em renovação e em
estado de missão.
Neste
contexto, a própria Assembleia Geral da CNBB, que começa nesta semana, será
certamente influenciada pelo clima de início de pontificado. Já o fato dos
bispos partilharem suas impressões sobre o novo Papa oferecerá assunto para
muitas conversas pessoais, que certamente marcarão também as intervenções
públicas sobre os diversos temas da Assembleia.
Por
isto, sem acrescentar nenhum assunto novo na agenda da Assembleia, todos os
assuntos serão situados no contexto do novo momento vivido pela Igreja.
Acresce
outro detalhe importante. Está confirmada a vinda do Papa Francisco ao Rio de
Janeiro, no próximo mês de julho. Se antes este “encontro mundial do Papa com
os jovens” já contava com uma expectativa de grande presença, e de ampla
repercussão mundial, mais ainda agora com a prometida presença do Papa que se
tornou centro de atenção da mídia. Está garantida a ampla repercussão
deste evento, que contará com as últimas providências de sua organização nesta
Assembleia da CNBB.
Ao
garantir que vinha para o Rio de Janeiro em julho, o Papa Francisco avisou que
pretende ir a Aparecida. Será mais um gesto, que se acrescentará a tantos
outros, de apreço pela devoção a Maria.
Mas
a ida dele a Aparecida possuiu outro ingrediente muito significativo. Foi em
Aparecida que se realizou recentemente a Quinta Conferência Geral do Episcopado
Latino Americano. Nesta Conferência, ele foi o coordenador da equipe de redação
do documento oficial.
Para
o Papa Francisco, ir para Aparecida é assumir a identidade da Igreja Latino
Americana. É valorizar sua caminhada pastoral, marcada pela generosa recepção
do Concílio, como ficou demonstrado pela Conferência de Medellín em 1968, cujo
espírito foi retomado na Conferência de Aparecida.
Portanto,
esta viagem do Papa ao Brasil ainda se insere dentro da apresentação da
“plataforma” do seu pontificado, olhado com muito interesse pelas Igrejas de
outros continentes, que agora aguardam a contribuição da Igreja que deu o novo
Papa.
Por
tudo isto, a Páscoa deste ano injetou novos ingredientes, que precisam de tempo
para serem assimilados.
Este
ano ainda promete.
Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Bispo de Jales (SP)
Fonte: CNBB
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